Agricultura familiar e o desenvolvimento de MT andam lado a lado
Mãos sujas e calejadas, trabalhos árduos de décadas para deixar um legado de crescimento econômico. É dessa forma que vivem milhares de provedores do “lar” em prol do desenvolvimento de Mato Grosso através da agricultura familiar — principal responsável pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da população do país.
O estado de Mato Grosso não é diferente, tanto que incentiva o avanço da agricultura familiar. Propondo oportunidade imprecisa. Atualmente mais de 120 mil famílias trabalham nessa atividade que emprega 51% da mão de obra no campo, representando 70% dos estabelecimentos rurais, segundo dados da Secretária Estadual de Agricultura Familiar. Os principais produtos são: leite, café, cacau, frutas, mandioca, hortaliças e outros alimentos. Falando em café o estado tem se destacado na cafeicultura, especialmente na região Norte e Noroeste, embora esteja havendo uma expansão para outros municípios, devido a melhoria contínua dos materiais clonais, os quais tem se adaptado as condições edafoclimáticas na Amazônia e Cerrado.
No Brasil a agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas do país, de acordo com o último Censo Agropecuário, desempenhado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A agricultura familiar emprega 10 milhões de cidadãos, ou seja, correspondendo a cerca de 67% do trabalho em atividades no campo.
Esse trabalho abrange 80,9 milhões de hectares, o que é equivalente a 23% da área total das propriedades agropecuárias no Brasil. Para ser assinalada como agricultura familiar, a produção deverá usar mão de obra de sua própria família nas atividades econômicas e a propriedade não pode ser maior que quatro módulos fiscais. A direção do empreendimento agropecuário deve ser realizada por membros da família. Além disso, uma parte mínima da renda familiar precisa ser gerada pela propriedade rural. Mais de 80% de todos os alimentos produzidos no mundo têm como origem propriedades familiares, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
A ONU decretou que a década entre 2019 e 2028 é dedicada à agricultura familiar e estabelece uma série de ações para fomentar a prática. No país o Censo Agrícola do IBGE indica que a agricultura familiar é a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, com uma produção diversificada de grãos, proteína animal e vegetal, frutas, verduras e legumes. Os agricultores familiares têm importância tanto para o abastecimento do mercado interno quanto para o controle da inflação dos alimentos do Brasil, produzindo cerca de 70% do feijão, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% da produção de leite e 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.
Outro fator importante para a agricultura familiar de Mato Grosso é o desenvolvimento do agronegócio, parece ser um fator contraditório quando comparado com o aumento de áreas voltadas para o cultivo de grãos, porém, com o desenvolvimento populacional nos municípios, o Estado de Mato Grosso vem a crescer com a migração de outros estados, tal aumento ao mesmo tempo vem de encontro com o crescimento de vendas de equipamentos, setor do vestuário, imobiliário, e o principal de todos alimentação. Essa alimentação é acima de tudo fornecida pela base da cadeia produtiva que são os agricultores familiares. Muitas cidades que se desenvolvem com o agronegócio possui em torno de seu perímetro um cinturão verde que corresponde com maior parte dos itens do hortifrúti composto no prato de comida de todo este público, assim se mostra o tão necessário é o fortalecimento das cadeias produtivas voltadas para a agricultura familiar.
O agricultor familiar tem uma relação muito próxima com a terra, com seu local de trabalho e moradia. A produção é equilibrada entre os alimentos destinados à subsistência da família e os vendidos ao mercado. Diferente das grandes propriedades, que geralmente se concentram na monocultura, os empreendimentos familiares produzem uma diversidade maior de culturas, o que gera um impacto positivo na qualidade dos produtos.
O manejo do solo costuma ser orgânico, com respeito ao ecossistema, reduzindo o impacto no meio ambiente. Isso porque as práticas mais tradicionais valorizam medidas naturais de adubação e combate a pragas. Muitos agricultores familiares também se dedicam ao extrativismo vegetal, colhendo produtos nativos, para comercializar regionalmente e ampliar a sua fonte de renda.
Por Valdenir José dos Santos –engenheiro agrônomo e ex-prefeito de Nova Ubiratã